Hoje me assustei comigo mesma. Me dei conta do quanto modifiquei meu jeito de ser, de pensar, de me relacionar com as pessoas e o mundo a minha volta . Um movimento lento no inicio, mas que tem se acelerado de forma surpreendente nos últimos dezoito meses, mais ou menos...o que vem causando isso? Fiquei tentando me lembrar da origem de tudo isso...
Sei que tem a ver com uma vontade de me libertar de muitas coisas que me oprimiam. Muito mais internas que externas. Como se eu mesma me submetesse a determinados comportamentos, acredito que por uma necessidade de fazer parte, ser aceita. Isso deve ter raízes lá na infância, quando realmente não me encaixava no padrão estetico vigente, ou lá da vida intrauterina, pois minha mãe me contou que a minha gravidez foi indesejada...não sei bem, provavelmente uma dessas experiências, ou ambas me fizeram ter essa ânsia ,obsessiva em determinados momentos, em me encaixar num padrão.
Sentia um sofrimento interior muito grande com isso...a revolta do meu eu vinha em momentos de fúria e lágrimas, que de início conseguia administrar, mas que foram se tornando frequentes e inesperados, mostrando que era preciso fazer alguma coisa.
O primeiro passo era me aceitar...esse foi o pior. Não me conformava. Sempre fui perfeccionista, como uma maneira de disciplinar meu lado selvagem, rebelde. Mas a quem eu queria enganar?
Comecei, com ajuda de terapia, tanto profissional como com amigos, a me entender, a me acolher, a me perdoar e a me amar... Não estou 100% ainda, mas já trilhei um longo caminho e me enxergo com outros olhos, mais compassivos, compreensivos e divertidos até.
Algumas consequências dessa postura são: independência no pensar e no falar; independência no sentir; uma proteção maior dos meus sentimentos;autocrítica.
Efeitos colaterais dessas mudanças: não engulo qualquer coisa, aliás, praticamente nada, do que me empurram goela abaixo. Por não ter medo de me mostrar, ou de expor o que penso, muitas vezes magôo os melindres alheios. Não sou mais de levar desaforo pra casa também, não que seja de "fazer barraco", mas de alguma forma vou me fazer ouvir e respeitar. Não insisto com ninguém, seja numa discussão, seja num relacionamento (de qualquer nível)...se alguém quiser trocar experiências e aprendizagens, sou uma pessoa que me proponho a compartilhar...mas se percebo indiferença ou hermeticidade...simplesmente passo a vez, deixo ir. Não vale a pena, tenho muito o que viver e meu tempo é bem precioso.
Sei que a linha do blog é mais poética, mas estava precisando expressar esses sentimentos, escolhi vocês para isso. Obrigada por lerem minhas palavras, como disse uma vez meu amigo Alessandro Martins do blog Livros e Afins, as palavras às vezes querem sair de mim, de qualquer jeito, à força...e o jeito é escrever.
Abraços e até breve.